Análise do polimorfismo no códon 72 do gene TP53 em mulheres inférteis com e sem endometriose
BIANCO, Bianca et al. Análise do polimorfismo no códon 72 do gene TP53 em mulheres inférteis com e sem endometriose. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. [online]. 2011, vol.33, n.1, pp. 37-42. ISSN 0100-7203.
“A endometriose é uma condição crônica que representa uma das doenças ginecológicas benignas mais comuns. Estima-se que aproximadamente de 10 a 15% das mulheres em período reprodutivo e metade das mulheres com problemas de fertilidade tenham essa doença. Os implantes endometriais dependem de vascularização para se estabelecer, crescer e invadir tecidos vizinhos. Os genes supressores de tumor têm importante papel na regulação do crescimento celular, e estudos revelaram a associação entre alterações em genes supressores de tumor e desenvolvimento da endometriose.” (p.38)
“Pesquisadores japoneses estudaram 140 pacientes com endometriose e um Grupo Controle de 140 indivíduos, e encontraram associação entre o polimorfismo do códon 72 do gene TP53 e o risco elevado de desenvolvimento da endometriose. Em concordância com esses dados, pesquisadores chineses analisaram polimorfismos nos códons 11, 72 e 248 do gene p53 em 148 pacientes com endometriose e um Grupo Controle de 150 indivíduos, e encontraram associação entre a suscetibilidade à doença e o códon 72 do gene.” (p.38)
“Trata-se de um estudo caso-controle, composto por mulheres inférteis com endometriose, mulheres inférteis sem endometriose e um Grupo Controle. Com esse objetivo, foram triadas do Ambulatório de Endometriose da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) 198 mulheres inférteis portadoras de endometriose com diagnóstico confirmado por laparoscopia e/ou laparotomia, estadiamento da doença estabelecido de acordo com as normas da American Society for Reproductive Medicine e diagnóstico histológico das lesões.” (p.38)
“Foram colhidos 5 mL de sangue periférico a partir de venopunções periféricas, em tubo contendo EDTA. O DNA genômico foi extraído de linfócitos do sangue periférico de acordo com o protocolo de Lahiri e Nurnberger (1991).” (p.39)
“As comparações realizadas foram entre os grupos de pacientes com endometriose e controles, para investigar a associação do polimorfismo com a endometriose. Nesse grupo, as pacientes foram subdivididas em dois grupos de acordo com o grau da endometriose, sendo que um deles era formado por pacientes com endometriose mínima e leve, e o outro por pacientes com endometriose moderada e grave. Essa subdivisão foi realizada com a finalidade de investigar se a frequência do polimorfismo era diferente de acordo com a gravidade da doença.” (p.39)
“Os genótipos Pro/Pro, Pro/Arg e Arg/Arg estavam presentes em 57,7%, 29,4% e 12,9% das mulheres com endometriose mínima/leve, e em 47,8%, 42,5% e 9,7% das mulheres com endometriose moderada/grave.” (p.40)
“Em relação aos alelos, a variante prolina estava presente em: 70,5% das mulheres inférteis com endometriose; 72,3% das mulheres com endometriose mínima/leve; 69,0% das mulheres com endometriose moderada/grave; 68,6% das mulheres com infertilidade idiopática; e 67,2% das mulheres do Grupo Controle. A variante arginina estava presente em: 29,5% das portadoras de endometriose; 27,7% das mulheres com endometriose mínima/leve; 31,0% das mulheres com endometriose moderada/grave; 31,4% das mulheres com infertilidade idiopática; e 32,8% do Grupo Controle.” (p.40)
“O gene TP53 controla a supressão do tumor, a reparação de danos no DNA, vias metabólicas, regulação do estresse oxidativo, invasão e motilidade, senescência celular, angiogênese, diferenciação e remodelação óssea. Na reprodução, um dos alvos da transcrição do p53 é um fator inibidor de leucemia (LIF), uma citocina necessária para a implantação.” (p.40)
“Clinicamente, uma das principais preocupações em relação à endometriose é a sua propensão para causar infertilidade. Estima-se que 25 a 50% das mulheres com endometriose são inférteis, e que 25 a 30% das mulheres inférteis têm lesões endometrióticas como a única causa identificável para a infertilidade. A associação entre a endometriose e a infertilidade é bem estabelecida, mas os mecanismos responsáveis por esses efeitos são desconhecidos.” (p.41)
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